Sua tia Jana e eu sempre brigamos com o seu avô Alberico porque nós crescemos ouvindo a frase "nem tudo que a gente quer a gente pode fazer". Nós duas queríamos uma orientação mais moderna, de que poderíamos tudo nessa vida. Hoje, aos 34 anos, continuo otimista, mas reconheço que a frase tem sua verdade. (Confesso que já usei pelo menos uma vez com o Luca!)
Pois tem grávida que não vê a hora de a gravidez acabar, tem grávida que se sente cansada, tem grávida que, como eu, não tem pressa alguma, quer apenas que o bebê cresça e engorde dentro da barriga - para já nascer "pronto". Tem grávida que não quer sentir dor, que quer logo marcar uma cesariana pelo-amor-de-Deus. E tem grávida que sonha com um parto normal, na hora que tem de ser - e não consegue.
No caso do Luca, até consegui esperar. Quando completei 40 semanas de gravidez, entrei em trabalho de parto, insisti por 6 horas - mas não tive dilatação. Resultado: a cesariana me salvou e salvou seu irmão, que nasceu cheio de saúde e muitos gramas a mais.
Achei que teria chance dessa vez... Mas a data prevista para o seu parto é um dia antes do
Thanksgiving, uma espécie de Natal para os americanos. Ou seja, o hospital estava lotado quando tentamos agendar a cesariana para o dia 22 de novembro, para garantir o transporte do seu sangue do cordão umbilical para o Brasil. (Do dia 23 ao dia 26, dias de feriado, seria impossível fazer a coleta.)
O
Mount Sinai não tinha lugar na sala de cirurgia a partir do dia 17, o que significa que marcamos a cesariana para o dia 16. Provavelmente você vai nascer antes do tempo, com 39 semanas e um dia, antes do que eu gostaria, mas pelo menos terá a segurança de ter o seu sangue armazenado no Brasil, em casa.