Você e eu, eu e você

Tive insônia hoje. Daquelas. Daquelas que tive durante a sua gravidez. Além da ansiedade natural de quem ainda tem de encaixar tudo que sobrou da mudança em apenas duas malas de viagem, fiquei pensando horas em como será a nossa adaptação ao Brasil. Digo em relação a mim e a você.

Eu sempre soube que adoraria ser 100% responsável por você nesses três primeiros meses, sem a ajuda de uma babá. (A gente nunca quis abusar da Natália, que já rala o suficiente com o seu irmão.) Então, enquanto o seu pai maravilhoso e atuante estava no trabalho, eu te alimentava, te dava banho, te trocava, te botava para dormir, te mudava de lugar, brincava de boneca na hora de escolher as roupas, conversava. Passamos muitas horas sozinhas, eu e você.

O mais incrível é que eu me cansava menos do que ná época do Luca, quando tinha uma babá full-time. É mesmo verdade que o segundo filho é muito mais "fácil" do que o primeiro. Também nunca imaginei que o seu comportamente seria tão relax. Agora, em que já estou mais do que acostumada com a nossa rotina puxada, porém tranqüila, a gente vai voltar para uma estrutura bem diferente da de NY.

Teremos uma outra babá pra você e pro Luca que promete ser ótima - e a carinho incomparável dos amigos e da família. Vou ter e poder te "dividir" com mais gente, em casa, no calçadão, na aula de natação que não demora muito a começar, em Búzios. Teremos mais companhia, eu e você. Você vai ver, Diana, que sorte a gente tem. E os colinhos... ah, vão aumentar também.

Soninho

A Grazi me perguntou sobre qual a recomendação médica para horas mais longas de sono. Segundo o Dr Michel, o melhor remédio é mesmo deixar chorar. Ele garante que o bebê chora por três noites apenas, depois percebe que consegue se acalmar sozinho - e dorme lindamente por um período de até dez horas.

Eu e o Lúcio, por pura sorte, nunca tivemos de tirar essa prova. Você, naturalmente, aceitava bem a chupeta quando dava seus resmungos noturnos. Sinal claro de que não estava com fome, ou seja, não precisava acordar para mamar. Verdade seja dita: antes de te botar para dormir, eu insistia numa mamada longa e eficiente.

Foi tão fácil que a comparação com o seu irmão é inevitável. O Luca, até os nove meses, antes de o meu leite "secar", mamava pelo menos uma vez de madrugada. Depois, fomos de mamadeira, para alimentar nosso pequeno que era imenso na época. (Ele batia o percentil 97 em peso e altura, imagine.) Quando nos mudamos, para NY, em fevereiro de 2004, a Gabi acordava de madrugada para preparar o leitinho - sempre puro, sem chocolate ou qualquer tipo de açúcar. Mais tarde, quando o seu irmão já tinha mais de dois anos, foi a vez de a Dani passar a deixar a mamadeira ou o copo pronto, para que ele tomasse sozinho de madrugada.

Atualmente, o Luca só toma um leitinho com uma gota de Nescau antes de dormir. Vai a noite inteira sem resmungar ou pedir nada. Até hoje me pergunto se ele tomava o leite por conta de um hábito ou se era por fome mesmo. Jamais vou saber. Mas já sei que essa dúvida, eu não terei em ralação a você.

Quanto a deixar chorar, acredito que o médico tenha razão em defender essa filosofia, mas agradeço a Deus por não ter tido de fazer isso com você. Seu pai e eu perdemos muitas noites de sono por causa do Hugo, filho do vizinho de porta, que chorava horas até que a gente ouvisse um sinal de afago. Sempre me perguntei se, no caso dele, era mesmo só fome ou dengo ou se era uma dorzinha qualquer. Difícil saber.

Trovoadas

Olha que poético...! Hoje, às 7h30, seu pai e eu acordamos com um barulhão. Era você, fazendo um gigantesco número dois. Viva!

Pra não dizer que não falei...!

Diana, tenho uma reclamação a fazer. Você anda muito preguiçooosa pra mamar. Hoje mesmo, depois que chegamos do nosso almoço no Outback, você parecia estar morrendo de fome - mas quis mamar apenas de um lado. Não pode! E se eu tivesse de sair em seguida? E se eu não estivesse disponível, 15 minutos depois, como estava hoje?! Não quero mas em breve tenho de começar a pensar na volta ao trabalho. Ops!

Temos tanta coisa pela frente antes disso. Amanhã, sai a última parte da mudança para o Brasil. Na sexta e no sábado, o colega de trabalho do seu pai vem buscar os móveis, que ficarão de herança. Depois tem um vôo NY-Rio. E finalmente tem a praia, o calçadão, o incentivo pra voltar à velha forma, a reforma no apartamento, a arrumação do seu quarto, a adaptação do seu irmão à escola (menos uma preocupação!), as compras de supermercado, as contas a pagar...

Ou seja, eu e você temos de tomar uma certa vergonha para tentar organizar minimamente esses horários de mamadas, filha. Mas sobre isso, a gente conversa depois, entre um bolinho de aipim e outro... no Bracarense.

Bom dia!

Ressaca

Desde a festa, Diana, que você dorme sem parar. Mesmo de dia. Coisa rara. (Já expliquei que, para que você tenha uma noite impecável, você acaba dormindo pouco durante o dia, não é?!) Pois desde domingo que você anda quieta, quieta: mama, dorme - só não faz cocô. Isso está meio devagar na sua vida, aliás. A gente não se preocupa, não. As suas crisezinhas, de dengo, no fim do dia, são coisa de um passado distante. Você só tem reclamado quando o leite demora a chegar até você. Que mais?! Ah, na festa de despedida, você ganhou presentes: um vestido floral lindo (vermelho e branco), para passear no calçadão, dois macacões de verão, novas meias Trumpette (oba!) e um telefone com chaveiro, em que o Luca já está de olho, é claro. Vou te acordar: são 10:03 e nada até agora.

Noitada

Eu já desconfiava, mas tivemos a prova final de que você vai ser festeira no sábado, quando os amigos fizeram uma linda festa de despedida aqui em casa. Começou às seis da tarde, acabou à uma da manhã. E que saber?! Nessas sete horas de farra, com direito a música ao vivo, você tirou duas sonecas de meia hora cada. Não conseguiu dormir mais por causa de dois beijos estalados do seu irmão - e porque todo mundo insistia em te dar um colinho. Nada de choro, nada de dengo, só felicidade e muito elogio.

Boemia, aqui me tens...

Parabéns!

Fiquei pensando sobre qual a sua maior característica ao completar três meses de idade. Acho que é a boa paz, a capacidade de se entreter sozinha, de passar longos minutos olhando seus bichinhos, a foto do seu irmão. Você também é dorminhoca, como eu. Tem olhos que não decidem de que cor querem ser, como os do seu pai. Você sempre abre um sorriso, Diana, mesmo de longe, ao perceber que seu irmão se aproxima. É carinhosa, fica mexendo na minha mão durante toda a amamentação. É também durinha, atenta, gosta de ficar sentada no colo da gente, observando a movimentação. Não se incomoda com o agito (uma festa na escola do Luca, por exemplo), apesar de viver num mundo quieto na maior parte do tempo: a nossa casa. Você, que nasceu moreninha, está branquela, por causa da falta que o sol faz na vida de uma pessoa. (Em breve, vamos contornar isso no Baixo Bebê.) Enfim, é um doce. Que só se estressa quando está com fome. Aí a gente percebe sinais de que a sua voz vai ser grossa, como a do Luca.

Três meses

Brinco encantado

Diana, ainda não foi dessa vez. A enfermeira disse que sua orelha é muito pequenininha e ela não teria como furá-la no momento...

- Ah, mas eu queria tanto chegar ao Brasil com a Diana de brinco...
- Brasil?! Melhor ainda. Não fure aqui. Lá eles são ótimos. Furam e botam o brinco que a mãe quiser. Aqui, você teria de se contentar com o nosso brinco (da clínica pediátrica), que é grande e nem tão bonito.

Alguém pode me indicar um lugar no Rio?!!!

Tribeca Pediatrics

Novas medidas

Fomos todos ao pediatra hoje: eu, você, Natália e Luca. Seu irmão, pra variar, conquistou o médico, que não conhecia, pedindo colo, dando abraços, beijos. Já você, Diana, encantou o Dr. Michel com a sua boa paz. Imagina que você tinha acabado de dormir no bebê-conforto, quando nos pediram para tirar a sua roupa, para que você fosse pesada etc. Nem um chorinho ou reclamação foi ouvido. Dessa vez, a sua noite - que tem sido das 21h às 7h/7h30 - foi elogiada, ufa! E você engordou menos do que cresceu, ufa! Está com 61.6 cm (percentil 83) e 6 quilos (percentil 75).

Faladeira

O Luca fala sem parar. Acho que de tanto me ver conversando com o seu pai sem esperar resposta - o Lúcio é MUITO quieto, você sabe! - seu irmão fala até sozinho. Conta história, faz pergunta e resposta, puxa papo com quem estiver na frente pela rua. Acho que você vai seguir o mesmo caminho. Enquanto brinca com os bichinhos do playgym, fala. No bebê-conforto, fala. No trocador, também. Na maior parte da vezes, seu pai e eu acompanhamos, damos corda. Mas se a gente não retribui a atenção, você continua falando e fala mais alto.

Matemática

Para que você tenha noites inteiras de sono, você chegou à conclusão de que não precisa dormir muito durante o dia. Assim, Diana, você tem tirado algumas pequenas sonecas de 40, 50 minutos após cada mamada. Depois arregala os olhos e reclama se deixamos você para trás. Temos de fazer rodízio: do "playgym" para o bebê-conforto para a nossa cama para o trocador. No carrinho-que-é-berço-por-enquanto, nem pensar, só mesmo se estiver dormindo. Nos outros lugares, você fica uma graça, quietinha, de olho na movimentação em volta.

Futuro de brincadeiras

Apesar da diferença de quatro anos, acho que o Luca não vê a hora de poder brincar com você. Outro dia, ele se escondeu embaixo da mesa de jantar e fez o papel dos três porquinhos. Eu fiquei fora, no chão, como o "big bad wolf". Você, nos meus braços, era a "little big bad wolf" e fez de tudo: rosnou, desceu a chaminé, lambeu um dos porquinhos. Os olhos do Luca brilhavam, davam muita risada. Já você, que nem três meses tem, estava meio pastelzinha mesmo.

Charme

A nova mania do seu irmão é se abaixar no bebê-conforto e dizer, quase aos berros:

- Ah, Diana, você é tão bonitinha...!

Ele repete a frase umas seis vezes até que levanta a cabeça para ver se estou olhando. É claro que estou babando. Aí, na maior cara de sapeca, o Luca diz:

- Mãe, ela sorriu pra mim. Quando eu digo que ela é bonitinha, ela ri.

Vestido, by Ana Helena

Vaidade emprestada

Sua mãe nao faz o estilo menininha. Mas as amigas dela te levam para um outro (bom) caminho. Te dão de presente lindos vestidos para usar no Brasil. O de baixo, foi a amiga Nathalia quem deu. O de cima, a fofa da Ana Helena.

- Ah, Cris, eu tinha que trazer algo que era a minha cara, né?!

Vestido, by Nathalia

3x4 de doze semanas

Caspa, eu?!

Esse blog não mente, filha. Tenho de admitir que não é sempre que você está linda e maravilhosa. Não é sempre que consigo disfarçar suas pequenas imperfeições. Por exemplo, agora, além de uma careca desarrumada, você tem uma leve crosta no couro cabeludo. Pode ser o ar seco, não sei. Mas a área fica descascando, descascando. Eu procuro não mexer muito para evitar que o cabelo caia ainda mais.

Porém, revendo as fotos de hoje, você fica linda e maravilhosa de qualquer jeito. Careca, com ou sem caspinha.

Os cílios do irmão...!

Orelhinha

Na semana que vem, vamos ter a consulta de três meses. Como o tempo tem voado...! O Dr Michel vai aplicar mais duas vacinas, vai medir, pesar você. E provavelmente vai insistir com as onze, doze horas de sono. (Meu Deus, sua média aumentou para 9 horas. Pra quê mais?!) Tomei coragem e aproveitei para marcar de uma enfermeira furar sua orelhinha. Sei que você vai sentir dor e eu vou sentir a sua dor. Mas mulher sofre mesmo com essas vaidades, é preciso se acostumar desde cedo.

Manha, sim

Eu adoro dizer que você não faz manha. Acho mesmo que você é muito bem comportada. Mas já senti que, para o seu pai, você joga lá um charme a mais. Hoje, por exemplo, enquanto eu assistia a uma peça da Broadway, você abriu o berreiro depois que ele te colocou na cama. Preocupado, o Lúcio te pegou no colo - e você, acredite, abriu o maior sorriso. Por causa disso, claro, você ganhou um colinho. Ou será que foi apenas a "atenção necessária", de que tanto falava sua madrinha?!

Placar

Uma gripe forte nocauteou três moradores dessa casa. Luca, Lúcio e Natália não resistiram ao vento glacial dos últimos dias. Já eu e você, que passamos a maior parte do tempo no conforto de um aquecedor, estamos - pelo menos por enquanto - intactas.

Mimo?!

Desde quando seu irmão era bebê que não gosto muito de dar colo. Ele era pesado demais. Preferia brincar, dar atenção, fazer caretas, dar risada, mas sem precisar carregar nos braços. Com você, não tem sido diferente. Mas, quando a tia Arleti estava aqui, os colinhos eram mais freqüentes.

- Não estou mimando, - ela dizia -, estou dando a atenção necessária!

Contradição

Infelizmente, Diana, seu cabelo tem caído a olhos vistos. A carequinha está em forma de coroa, bem no lugar one você encosta a cabeça quando se deita. Por outro lado, o cabelo que não cai cresce. Tenho de botar pra trás da orelhinha, juro!

No tailandês do Brooklyn

A vida fica mais bela...

...quando você franze o nariz pra mim, exatamente como seu irmão fazia...

...quando você solta uma mini-gargalhada ao perceber que vou te tirar do bebê-conforto...

...quando seus olhos brilham simplesmente porque eu sopro nas suas mini-mãos...

Obrigada, meu Deus: licença-maternidade é tempo de ser feliz!

As velhinhas de Ron Mueck

Estréia

Fomos hoje ao Museu do Brooklyn, no último sábado da elogiada exposição do australiano Ron Mueck, de esculturas impressionantemente realistas e cheias de sentimento. Você, pra variar, encarou bem o frio de 9 graus negativos, em seu carrinho possante e quentinho. Mas, dentro do museu, nem quis sair para se encantar com as obras como "As mulheres", na foto acima, a preferida do seu pai.

No Brooklyn

Cultura alimenta

Eu fico aqui imaginando o ciúme que você vai ter do seu irmão, quando você crescer e compreender todas as oportunidades que ele teve nesses três anos de Nova York. A ironia é que a americana nessa história é você. (risos) Dá muito orgulho ver que o Luca sabe se comportar num museu, sabe olhar curioso, sabe perguntar. Mas não se preocupe. Sempre que for possível, vamos fazer um intensivo com você. Seja nas exposições que visitam o Brasil, seja nas viagens (muitas, se Deus quiser!), que faremos todos juntos.

Hoje é sexta-feira

Menininha

Você continua feminina demais com seus sorrisos meigos, sua voz forte - mas baixinha. Aí te vesti de verde e lilás, uma combinação que eu adoro. Nos outros. Em você, por exemplo, ficou bem. A blusinha e a calça não são um conjunto, não. As duas peças, ganhamos da mãe daquele amigo do Luca.

Aliás, preciso aproveitar para elogiar você. Fico encantada com o seu capricho para com suas roupinhas. Em dois meses e meio de vida, acredite, você só sujou de "número dois" duas peças. O Luca também era assim; continua assim, na verdade. Tomara que você siga a mesma linha. :-)

Galochas Trumpette.com

Park Preschool Moms

As mães da turminha do Luca costumam sair juntas sempre na última quarta-feira do mês. O restaurante é sempre badaladinho, perto de casa. As risadas são certas. Ontem, porém, fomos apenas eu e Barbara, a mãe da Sophie.

- Eu não gosto de meninas - costuma dizer seu irmão - mas eu gosto de você, da Diana e da Sophie!

Pois não é que a Barbara apareceu com presente para vocês?! Livros sobre NY para o Luca - e meias Trumpette para você. Uma graça! E nem precisa usar os incômodos sapatos...!

Presentinho

Rosa, dos pés à cabeça

Eu procuro não exagerar no rosa. Alterno com o verde, o amarelo, o lilás - e até com o azul. Mas hoje você acordou menininha demais. E eu não resisti ao rosa, aos diversos tons de ROSA.

Ton Sur Ton

Sociável

Li no babycenter.com que agora você começa a sorrir pra quem quiser e até começa a ensaiar erguer os bracinhos para que te segurem no colo. Para o seu elenco fixo de personagens (Lúcio, Luca, eu e Natália), os sorrisos são fartos, da hora de acordar à hora de dormir. Mas, para quem te vê pela primeira vez, os sorrisos ficam tímidos, vão tomar coragem com o tempo. (Se bem que já deram o ar da graça na churrascaria Plataforma, não é?!) Bracinhos, confesso que ainda não reparei nada neste sentido, vou ficar de olho. Já sobre o bate-papo, que o site recomenda, isso sim. A gente fica alguns minutinhos conversando na "língua da Diana". Todo mundo repete: "auá, ô, ah"..! Muito bom! Ah, o babycenter recomenda que a gente comece a ler pra você nessa fase. Então, o livrinho que os primos Renata e Marcelo trouxeram de Passo Fundo já está em ação!

Me engana que eu gosto

Essa madrugada, Diana, voltei a fazer o que o pediatra recomenda. Você mamou timidamente às 22h. Resmungou às 5h30, ganhou chupeta. E só acordou para mamar de verdade às 8h07. Segundo o Dr Michel, a criança bem alimentada durante o dia não precisa ser amamentada à noite. Ela tem reserva o suficiente para o período todo. Eu sei, na teoria parece tão fácil...!