De casa nova
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Diana e eu esperamos vocês por lá. E não é papo de carioca, não...!
Uma menininha brasileira em Nova York
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Tive insônia hoje. Daquelas. Daquelas que tive durante a sua gravidez. Além da ansiedade natural de quem ainda tem de encaixar tudo que sobrou da mudança em apenas duas malas de viagem, fiquei pensando horas em como será a nossa adaptação ao Brasil. Digo em relação a mim e a você.
A Grazi me perguntou sobre qual a recomendação médica para horas mais longas de sono. Segundo o Dr Michel, o melhor remédio é mesmo deixar chorar. Ele garante que o bebê chora por três noites apenas, depois percebe que consegue se acalmar sozinho - e dorme lindamente por um período de até dez horas.
Olha que poético...! Hoje, às 7h30, seu pai e eu acordamos com um barulhão. Era você, fazendo um gigantesco número dois. Viva!
Diana, tenho uma reclamação a fazer. Você anda muito preguiçooosa pra mamar. Hoje mesmo, depois que chegamos do nosso almoço no Outback, você parecia estar morrendo de fome - mas quis mamar apenas de um lado. Não pode! E se eu tivesse de sair em seguida? E se eu não estivesse disponível, 15 minutos depois, como estava hoje?! Não quero mas em breve tenho de começar a pensar na volta ao trabalho. Ops!
Desde a festa, Diana, que você dorme sem parar. Mesmo de dia. Coisa rara. (Já expliquei que, para que você tenha uma noite impecável, você acaba dormindo pouco durante o dia, não é?!) Pois desde domingo que você anda quieta, quieta: mama, dorme - só não faz cocô. Isso está meio devagar na sua vida, aliás. A gente não se preocupa, não. As suas crisezinhas, de dengo, no fim do dia, são coisa de um passado distante. Você só tem reclamado quando o leite demora a chegar até você. Que mais?! Ah, na festa de despedida, você ganhou presentes: um vestido floral lindo (vermelho e branco), para passear no calçadão, dois macacões de verão, novas meias Trumpette (oba!) e um telefone com chaveiro, em que o Luca já está de olho, é claro. Vou te acordar: são 10:03 e nada até agora.
Eu já desconfiava, mas tivemos a prova final de que você vai ser festeira no sábado, quando os amigos fizeram uma linda festa de despedida aqui em casa. Começou às seis da tarde, acabou à uma da manhã. E que saber?! Nessas sete horas de farra, com direito a música ao vivo, você tirou duas sonecas de meia hora cada. Não conseguiu dormir mais por causa de dois beijos estalados do seu irmão - e porque todo mundo insistia em te dar um colinho. Nada de choro, nada de dengo, só felicidade e muito elogio.
Fiquei pensando sobre qual a sua maior característica ao completar três meses de idade. Acho que é a boa paz, a capacidade de se entreter sozinha, de passar longos minutos olhando seus bichinhos, a foto do seu irmão. Você também é dorminhoca, como eu. Tem olhos que não decidem de que cor querem ser, como os do seu pai. Você sempre abre um sorriso, Diana, mesmo de longe, ao perceber que seu irmão se aproxima. É carinhosa, fica mexendo na minha mão durante toda a amamentação. É também durinha, atenta, gosta de ficar sentada no colo da gente, observando a movimentação. Não se incomoda com o agito (uma festa na escola do Luca, por exemplo), apesar de viver num mundo quieto na maior parte do tempo: a nossa casa. Você, que nasceu moreninha, está branquela, por causa da falta que o sol faz na vida de uma pessoa. (Em breve, vamos contornar isso no Baixo Bebê.) Enfim, é um doce. Que só se estressa quando está com fome. Aí a gente percebe sinais de que a sua voz vai ser grossa, como a do Luca.
Diana, ainda não foi dessa vez. A enfermeira disse que sua orelha é muito pequenininha e ela não teria como furá-la no momento...